A relação fraternal é muito explorada, assim como a bondade de uns seres humanos contra a maldade/ignorância/desprezo de outros. E se o próprio Joseph Joffo aplaudiu a versão cinematográfica que narra o impacto doloroso da ocupação alemã em sua vida, sinal de que é um filme imperdível. Não deixe de conferir essa pungente narrativa.
“Os Meninos que Enganavam Nazistas” retrata as consequências da ocupação alemã nazista na França, durante a na 2ª guerra mundial.
O livro conta uma história real vivida pelos irmãos Joseph e Mauirice Joffo, de 10 e 12 anos, em uma França ocupada pelos nazistas e uma guerra fria entre judeus, franceses e alemães.
No livro, Joseph narra sua infância a partir da fuga da Gestapo na França, em 1942. Ele, seus pais e os três irmãos mais velhos viviam juntos em Paris, onde a família era proprietária de uma barbearia.
Os Meninos Que Enganavam Nazistas
Após rumores de que o lugar onde seria invadido pelos alemães. Seus pais tem que fazer uma escolha muito difícil: Mandar os dois fugirem sozinhos, o que os obriga a deixar a inocências de lado. Se tornarem pequenos adultos. Senão, o que lhes restam, é esperar que sua pequena vida, se acabe.
Eles dão aos garotos algum dinheiro e um mapa com coordenadas para conseguirem chegar à França Livre. Você hoje pode pensar que essa foi uma atitude errada dos pais, mas durante a história, você verá que o lema da mãe deles era eficaz: ‘Melhor pegar um só, do que o grupo todo’.
A época deles é bem diferente da de hoje. Os nazistas obrigavam os pais à tomarem atitudes como essas, para simplesmente não verem os filhos sendo fuzilados ou gritarem de dor ao vê-los sendo banhados com ácidos, e ou coisas piores como estupros e torturas.
Naquela época, não havia liberdade de escolhas, ou proteção do governo. Era cada um por si, mesmo ainda sendo criança. Para se ter uma ideia, após serem capturados por alguns S.S, eles dizem ao irmão mais velho, de 12 anos, que ele tem 48 horas para ir até a cidade e conseguir provas de que não eram judeus, caso contrário iriam cortar o irmão mais novo, de 10 anos em pedaços na frente dele.
Se hoje uma criança de 12 anos mal consegue pegar um ônibus sozinha, naquela época elas eram obrigadas à ir de ponta à ponta de um país sozinhas, e no caso dos meninos, nunca mostrarem seu pênis, para não verem que eram circuncidados, e serem mais fortes do que a fome e o frio.
Dessa forma, os meninos tiveram que fugir, e literalmente enganar nazistas para continuarem livres. Ou melhor, vivos.
Eles deveriam ir embora para parte sul do território francês, encontrar seus dois irmãos mais velhos. A guerra estava chegando na capital, e eles se permanecessem por lá. Talvez não durassem muito tempo. Entretanto, para despistar os alemães, as crianças tinham que enfrentar essa viagem sozinhos. Ali acaba a infância daquelas crianças. Começava uma jornada para sobrevivência.
É dessa forma que os dois irmãos, saem então, em uma saga para o destino indicado por seus pais. e passaram a ser responsáveis por suas próprias vidas mesmo com tão pouca idade. Porém, encontramos ao longo da história, pessoas dispostas a ajudar. Padres, arcebispos, idosos, jovens, médicos. Muita gente, que arriscara a vida para que aqueles dois seguissem a sua jornada pela vida. É tão bonito ver, como também existia muita solidariedade em meio a guerra. Porém, uma guerra é uma guerra.
Apesar de toda ajuda, os dois pequenos aventureiros, durante a história, sempre encontravam alguns obstáculos que precisavam ser superados. Guardas alemães que o paravam a todo o instante, faziam interrogatórios intermináveis, esperando uma pequena oportunidade para os pegarem na mentira. Isso deixa os acompanhantes dessa história apreensivos, num estado latente de impotência e torcendo para que tudo acabasse dando certo.
Apesar de acompanhar somente a caminhada dos dois, tínhamos um vislumbre dos acontecimentos ao redor da França dominada pelos nazistas. Movimentos dos alemães, italianos e também os franceses “pró” e contra o nazismo. Percebe-se que ao longo dessa guerra, inicia-se um sentimento anti-semita pesado entre muitos franceses. Sem contar, a sensação de derrota e desesperança que tomou conta do país durante quatro longos anos.
Existiam também aqueles que acreditavam que podiam combater os alemães. E assim faziam. Era a resistência, ao império nazista que se alastrava. Essa resistência tinha apoio na Inglaterra e em Argel (Argélia). E Joseph queria muito ajudar de alguma forma, apesar de jovem. Aliás, lá pelo meio da história, ele ajuda e sente-se todo orgulhoso por isso. É como, se pequenas coisas positivas dessem um gás para que eles continuassem sobrevivendo.
Joffo ao escrever esse livro, nos coloca ao seu lado dentro desse período sombrio. De modos que os seus sentimentos, se tornam o nosso. Desde o inicio, no que para ele era uma “grande aventura”, como é relatado no posfácio desse livro, até o momento que o jovem garoto cresce e percebe que a morte é eminente para aqueles que não tomam o devido cuidado. Aliás, para qualquer um que não consiga enganar os nazistas.
Versão cinematográfica
Os Meninos que Enganavam Nazistas
Após todo o holocausto, por volta de seus 12 anos, a França realmente ficou liberta dos nazistas com a queda de Pétain. Joseph se tornou cabeleireiro continuando assim a tradição da família, e mais tarde se tornou ator e também escritor.
Joseph Joffo, morreu no dia 06 de dezembro de 2018, aos 87 anos e deixou para a humanidade lindas histórias de suas reais aventuras.
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